“Eu adoro estudar, especialmente matemática. Devido aos meus resultados em olimpíadas, meus pais decidiram testar meu conhecimento no vestibular. Nossa primeira surpresa foi a nota de redação. Eu tirei 59/60 pontos. Poucos dias depois, saiu o resultado e ficamos muito felizes”, disse Lucca.
“Eu gosto de solucionar problemas e sonho em, algum dia, ser aprovado no ITA”, revelou o estudante.
Lucca estuda no Colégio Militar de Fortaleza (CMF) — instituição em que ele passou em primeiro lugar na seleção para o 6º ano. Foi, inclusive, após a aprovação nesse processo seletivo que veio a ideia de tentar o vestibular da Uece.
“Quando terminou os estudos para o Colégio Militar, ele disse: ‘e agora? O que é que eu vou fazer? O que eu vou estudar? Como é que vai ser?’. Aí meu marido começou a pesquisar, e viu que era comum algumas crianças realizarem [vestibular]. Ele teve a ideia e matriculou”, explicou Andressa Fonte, mãe de Lucca.
“Ele estuda porque ele gosta. Ele tem uma afinidade específica pela matemática, e hoje a gente se preocupa e trabalha as outras questões, das questões sociais, do lazer, da diversão, de ser criança. Ou seja, fazendo o intermédio para que ele não deixe de ser criança, para que ele tenha uma vida equilibrada”, disse.
Ela falou que a aprovação veio na segunda tentativa. Lucca fez o vestibular para o primeiro semestre de 2025, mas se atrapalhou com a redação. Então, os pais decidiram inscrevê-lo novamente, para o segundo semestre deste ano. Nessa segunda vez, ele conseguiu resultado que lhe garantiria uma vaga. No entanto, o adolescente não consegue se matricular na universidade, pois não tem a idade mínima estipulada pela instituição.
No entanto, a mãe disse que foi possível perceber a evolução dele durante os dois processos. “Ele teve aquela experiência de concurso, de levar água em embalagem transparente, colocar tudo no ‘saquinho’, sem levar estojo. A experiência do detector de metais. Então, ele viveu essa experiência. A primeira vez, ele ficou um pouco assustado. Na segunda tentativa, ele já estava mais ambientado”, disse Andressa, que é nutricionista.
Lucca, estudante do Colégio Militar de Fortaleza, com os pais. — Foto: Arquivo pessoal
Afinidade com matemática
Lucca estudava em uma escola particular, mas a família decidiu colocá-lo em uma preparação para o concurso do Colégio Militar. Com isso, ele passou a focar mais em português e ainda mais em matemática — área em que ele sempre demonstrou afinidade, conforme Andressa.
“A gente sempre ouvia muito dos professores que o Lucca é fora da curva, que ele tem um aprendizado diferente. Ele começou a gostar muito da área de matemática desde o início, quando começou a se aprofundar mais. Além do conhecimento da escola, ele começou a se identificar, e foi virando hobby”, explicou a nutricionista.
O adolescente também passou a ser testado em Olimpíadas de Matemática — onde obteve bons resultados. “E para a gente foi uma grande surpresa, porque ele é muito novo, ele já começou a se destacar e ser premiado em Olimpíadas que a gente entendia que eram muito difíceis”, falou Andressa.
Diagnóstico de superdotação
Lucca foi diagnosticado como superdotado e faz acompanhamento psicológico. “A psicóloga dele fala muito que o Lucca é a criança que a gente precisa mandar parar de estudar, porque senão ele só estuda”, disse Andressa.
A mãe falou que passou a notar o filho ansioso, o que a levou a buscar orientação especializada. “Levei para a psicóloga, e logo no início ela me sugeriu fazer os testes com uma neuropsicóloga. São baterias de oito testes, em que eles avaliam raciocínio, memória, e com esses resultados, ele tem o valor do QI. No caso do Lucca, foi superdotação”, explicou.
Andressa, no entanto, destacou que é necessário lidar da maneira correta com o diagnóstico, sem se vislumbrar com “os holofotes”. “Quando as pessoas imaginam o superdotado, elas só imaginam uma pessoa muito inteligente, mas a superdotação se enquadra como uma neurodivergência. Existem outras questões desafiadoras”, reforçou.
“A gente trabalha e dá o suporte a ele. Compramos a ideia do sonho dele. O Lucca sonha mais, ele sonha em estudar fora, ele sonha com ITA [Instituto Tecnológico de Aeronáutica]. Então, o nosso papel, enquanto pais, é dar esse suporte para que ele possa ter acesso a esse conhecimento”, complementou.